29 de julho de 2008

NOTÍCIA: Bebê deve ser enterrado depois de 21 anos congelado

"Um bebê morto aos quatro meses de idade deverá ser enterrado depois de passar 21 anos congelado em uma câmara mortuária de um hospital no norte de Londres, por causa de uma disputa sobre a causa de sua morte. O bebê Christopher Blum morreu na mesma noite em que tomou uma vacina tríplice de rotina no hospital North Middlesex. A causa indicada no atestado de óbito - ocorrido em 1987 - é "síndrome da morte súbita", versão que não foi aceita pelos pais.

Desde então a questão enfrenta quizilas judiciais.Reiteradamente, eles afirmam que uma amostra de sangue retirada do bebê indicava uma infecção, que seria resultado de uma vacina contaminada. Com a disputa, os pais se recusaram a assinar o registro de óbito, impedindo que o bebê fosse enterrado e fazendo com que o corpo permanecesse congelado na câmera mortuária desde então, a um custo de 15 libras (cerca de R$ 50) por semana. Com autorização de um órgão corregedor judicial, a Sub-prefeitura de Enfield, distrito onde funciona o hospital, registrou a morte de Christopher Blum sem a assinatura dos pais e entrou em contato com a família, pedindo que eles decidam até o dia 18 de agosto como querem o funeral e o que querem inscrito na lápide do túmulo. Segundo a mídia britânica, o pai de Christopher, Steven Blum, está se preparando para apelar da decisão. O recurso a uma corte estadual seria a última tentativa de impedir o funeral. "

Link para a notícia: http://www.espacovital.com.br/noticia_ler.php?idnoticia=12151

19 de junho de 2008

NOTÍCIA: "9% já notaram desvios éticos em laboratórios "

DA REUTERS
"Uma série de entrevistas realizadas com 2.212 cientistas da área biomédica nos Estados Unidos indica que a falta de ética pode ser um problema subestimado no meio. Segundo o resultado do levantamento, divulgado ontem pela revista "Nature", 9% dos cientistas disseram já ter testemunhado algum caso de falsificação de resultados, plágio ou invenção de dados.Entre os 267 episódios relatados para a pesquisa, 37% nunca foram denunciados a instâncias superiores para investigação, por medo de represálias ou de comprometer orçamentos coletivos. Se o levantamento for uma amostra representativa, dizem os autores, mais de 3.000 casos de desvio ético podem estar ocorrendo anualmente nos EUA."
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Notícia publicada hoje, na Folha de São Paulo.

4 de junho de 2008

NOTÍCIA: "Com brinde e massagem, congresso médico parece parque de diversões"

"Com um sorvete do tipo napolitano em uma das mãos e duas sacolas personalizadas das companhias farmacêuticas Roche e Bayer Health Care, a médica japonesa Tomiko Kim espera a vez na fila para fazer um teste de conhecimentos de câncer no estande do laboratório Merkel Cell Cancer.
Após responder a três questões básicas sobre o alvo do remédio, os efeitos e os índices de sucesso, ganhou um jogo de pendrive, caneta a laser marcadora e mouse remoto. "Nice. Very nice. It's so funny [Legal. Muito legal. É tão divertido]", gritou ela.
O imenso espaço destinado aos mais de 250 expositores -entre indústrias farmacêuticas, de equipamentos, de informática e serviços- do congresso mundial da Associação Americana de Oncologia Clínica se transformou em um parque de diversões para os quase 30 mil médicos do mundo todo.
Entre uma conferência e outra (e, às vezes, no meio delas), lá estão eles à procura de brindes, como canetas, sacolas, pendrives, mouses sem fio, luminárias, tomadas especiais para conexões internacionais, entre outros. Sem contar os cafés, sorvetes, sucos e até massagens relaxantes oferecidos pelas empresas expositoras.
Para receber os brindes, os médicos precisam passar o cartão magnético do congresso, onde estão todos os seus contatos. "É uma forma de os médicos conhecerem os nossos produtos e se lembrarem da gente com carinho", disse uma das atendentes do laboratório Roche. Questionada sobre o seu nome, ela disse que não estava autorizada a dar entrevistas.
Ontem à tarde, passeando pelos estandes com uma sacola cheia de brindes, a médica grega Pants Kyratsonla se dizia exausta. "Tudo é muito imenso por aqui. Cansa para chegar até os locais das conferências e cansa andar pelos estandes."
Ainda assim, ela definiu o espaço como sendo um lugar para relaxamento. "As palestras são muito pesadas. Aqui é mais leve, você se sente mais confortável. Eles te tratam muito bem. O problema é que a gente fica passeando e perde a hora dos compromissos."
Na fila para ganhar uma luminária com pendrive, presenteada pelo laboratório Evista, um médico brasileiro carregava quatro sacolas de diferentes laboratórios, mas não quis comentar sobre os brindes nem revelar o seu nome. "Você está de sacanagem comigo", disse ele, com forte sotaque carioca.
Os brindes oferecidos nos estandes são apenas uma pequena parte dos mimos dados pelos laboratórios aos médicos. A maioria deles participa do congresso (o maior da área e o que define novas condutas médicas em oncologia) a convite da indústria farmacêutica, com, ao menos, passagens aéreas e hospedagem gratuitas.
O mesmo acontece com grande parte dos quase 600 jornalistas de todo o mundo que fazem a cobertura do evento. Só a Merck, produtora do remédio "estrela" do congresso (Erbitux), trouxe para Chicago 850 pessoas entre médicos e jornalistas de todo o mundo."
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CLÁUDIA COLLUCCI
A jornalista Claudia Collucci viajou a Chicago com as despesas parcialmente pagas pela Merck
Notícia publicada na Folha de São Paulo, em 04/06/08.

28 de maio de 2008

Vacinação, Fernando Travi e a vida "moderna"

No texto da Super Interessante sobre vacinas, é citado um artigo de Fernando Travi sobre o mesmo tema. O artigo ("Vacina Assassina") está aqui em baixo, logo antes desta postagem.
O blog do Fernando Travi também já está linkado aqui no De(s)Propósito(s), veja ao lado. O blog dele é muito interessante, contém assuntos sobre os quais vale a pena pensar e refletir, sinceramente. Visitem!
Em seu texto, Fernando Travi caminha no mesmo sentido da teoria de Bernard (para entender, leia o texto da Super Interessante linkado acima), sustentando que o principal fator que nos leva a adoecer é a existência prévia de algum desequilíbrio em nosso corpo.
Concordo com ele.
Reconheço também que hoje em dia, da forma como a maioria das pessoas leva a vida, zelar pelo equilíbrio do corpo e da mente não é simples.
Infelizmente, não há tempo para isso. Quem tem tempo para preparar todas as suas refeições? Quem tem tempo para ir à feira semanalmente e escolher legumes e frutas orgânicos frescos e saudáveis? Quem tem tempo de parar, pelo menos uma hora do dia, meditar, colocar a cabeça no lugar, relaxar? Quem tem tempo de observar seu corpo minuciosamente, entendendo suas reações, percebendo o que lhe faz bem? Quem tem tempo de tomar um pouquinho de Sol, todos os dias? Quem tem tempo de, na hora das refeições, esvaziar a cabeça, comer com calma, mastigar os alimentos demoradamente, e concentrar boas energias no alimento que está ingerindo?
Poucas pessoas, muito poucas. Ainda.
E há muito mais a fazer do que as atitudes que citei acima.
Mas, lamentavelmente, sem tempo para si mesmas, as pessoas preferem se entupir de vacinas e de remédios: é mais rápido do que pensar na saúde, é mais fácil do que estruturar a vida de uma forma mais saudável.
Nunca é demais repensarmos nossas atitudes com a vida e com o nosso corpo.
Caminhemos, um passo de cada vez, cada dia mais conscientes.

26 de maio de 2008

ARTIGO: "Vacina Assassina"

"A imunização por meio de vacinas é uma prática perigosa.
Não evita doenças, debilita o organismo e,
em alguns casos, pode até matar

Nadando contra a corrente das idéias predominantes na medicina tradicional, quero erguer minha voz contra o que considero uma imposição impiedosa e indefensável no mundo moderno: as vacinas. Nascido numa família de médicos e profissional da área da saúde há 20 anos, durante muito tempo relutei em ponderar sobre esse assunto, ante o medo irracional dos micróbios e suas doenças. Depois de muitos estudos, posso afirmar que as vacinas não só não evitam complicações de saúde, como podem até matar. Tenho quatro filhos, nunca os vacinei e eles, na faixa dos 4 aos 17 anos, são bastante saudáveis.
Como biogenista sei que a saúde não é conseqüência da administração de medicamentos e vacinas. A biogenia vê a saúde como fruto de hábitos saudáveis e da obediência às leis naturais – uma fórmula baseada em água pura, ar puro, alimentos puros. A doença, por sua vez, é fruto da transgressão aos padrões da natureza. Além de não colaborarem na preservação da saúde, as vacinas podem causar inúmeros problemas ao organismo.
Vacinas são poções constituídas de microorganismos mortos ou atenuados que, introduzidas no corpo humano, estimulam o sistema imunológico a produzir anticorpos contra um invasor. O nome, originário da expressão latina materia vaccinia, lembra a experiência pioneira do médico inglês Edward Jenner, que, em 1796, inoculou, numa criança, soro de varíola bovina, supostamente imunizando-a contra o mal. Segundo a teoria predominante, a vacina gera uma memória reativa que permite ao organismo defender-se do agente patológico. O que poucos sabem é que esta é uma teoria não comprovada que, portanto, não goza de um fundamento científico sustentável.
A crença nas imunizações apóia-se, sobretudo, na "teoria dos germes" de Louis Pasteur, o famoso químico francês do século XIX. Pasteur acreditava que a limpeza reina em nossas células e que todos os micróbios responsáveis pelas doenças procedem do exterior. Deduziu, então, que a um germe específico corresponderia uma única doença, cuja prevenção seria possível mediante a aplicação de uma vacina. Um raciocínio perfeito, não fosse a oposição dos fatos.
A ciência atual demonstra que apenas uma parte dos indivíduos que entram em contato com germes adoecem, o que ressalta a evidência de outros fatores por trás dos sintomas das moléstias. Micróbios vindos de fora têm baixa capacidade reprodutiva, estão inativos e são inócuos. Dificilmente seriam a causa principal de desordens orgânicas. Sabe-se também que o ser humano possui dez vezes mais bactérias do que células, fato que, em vez de anomalia, parece ter origem no sábio equilíbrio da natureza. Afinal, bactérias alimentam-se de matéria em decomposição, toxinas, e cumprem, no interior de nosso corpo, a função de "limpadoras" especializadas. Sem elas, certamente morreríamos.
Um fato histórico, ocorrido em 1890, ilustra de modo irrefutável o que aqui expomos. Naquele ano, em Munique, Alemanha, o Prêmio Nobel de Medicina Robert Koch debatia com o cientista Max Pettenkofer a respeito da ação dos germes quando, subitamente, este último arrancou das mãos de Koch a proveta na qual o médico exibia uma cultura da bactéria do cólera. "Vosso bacilo não é nada, o que conta é o organismo", disse Pettenkofer. Em seguida, diante da platéia horrorizada, sorveu até a última gota o conteúdo mortal do tubo. "Se a vossa teoria estiver certa, em 24 horas serei um homem morto", completou o desafiante. Pettenkofer ainda viveu muito tempo após o episódio e Koch, ironicamente, foi o único a adoecer.
O sonho da imunização por meio de vacinas é uma afronta aos direitos individuais. Antes do final da Segunda Guerra Mundial não havia campanhas amplas de vacinação e, muito menos, obrigatoriedade da aplicação de certas vacinas. Surpreende que tudo isso ocorra na atualidade, apesar de os cientistas continuarem sem saber como as vacinas funcionam e sequer haver um padrão científico para produzi-las.
Há três anos, a Associação Francesa de Poliomielite constatou que a quase totalidade dos casos de poliomielite nos Estados Unidos surgiram em crianças que receberam a vacina oral. Outras vacinas predispõem ao diabete e à síndrome da morte súbita (choques alérgicos fatais). Ao exaurirem e intoxicarem o organismo, elas podem contribuir para casos de encefalite, câncer e Aids. É compreensível: todas elas contêm substâncias tóxicas, como o mercúrio, DNA de animais doentes, pus e outros produtos usados para ativar a produção de anticorpos.
Aos defensores das vacinas deixo aqui um desafio: continuem se expondo a dezenas dessas poções e mantenham-se saudáveis – se puderem."

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Fernando Travi é fundador da Sociedade Biogênica Brasileira, ele tem um blog onde expõe suas opiniões, para conhecer o blog
clique aqui.

24 de maio de 2008

Texto sobre vacinas publicado na revista Super Interessante

O texto abaixo, sobre vacinas, foi publicado na Revista Super Interessante em fevereiro de 2001, mas eu só o descobri há poucos dias, na internet é claro.
O texto é muito interessante mesmo, aborda as principais questões discutidas sobre o assunto de forma não superficial. Gostei.
Gostei especialmente da citação histórica sobre o início da polêmica sobre as vacinas, com o conflito ocorrido entre Louis Pasteur e Claude Bernard:
Pasteur foi o defensor das vacinas sob o argumento de que cada doença possui apenas uma causa, qual seja, o fato de um vírus ou bactéria invadir o organismo, este fato, por si só, seria o responsável pelo desenvolvimento da doença.
Bernard foi além, defendeu a teoria de que a doença instala-se em nosso corpo não apenas em decorrência do contato com determinado vírus ou bactéria, mas sim, e principalmente, quando nosso corpo ("território") está em desequilíbrio, uma vez que diariamente temos contato com diversos vírus e bactérias (e não ficamos doentes o tempo todo).
Não preciso nem dizer que concordo com Bernard.
Mas, infelizmente, ele perdeu a batalha na época.
Ruim para mim, que acabei sendo vacinada desde o primeiro dia de vida, e ruim para as tantas pessoas que hoje morrem ou sofrem de sérios problemas decorrentes da vacinação.

23 de maio de 2008

ARTIGO: "Vacinas fazem bem ou mal?"

"Efeitos colaterais graves e anomalias causadas
no sistema imunológico põem as vacinas na berlinda
e levantam uma questão crucial: até que ponto elas são benéficas?

Há 204 anos, o inglês Edward Jenner descobriu a primeira vacina. Conseguiu, para surpresa geral, imunizar um garoto de 8 anos contra varíola inoculando-lhe soro de varíola bovina. Dois séculos depois, a pergunta que dá título a esta matéria caiu como uma bomba sobre a mais difundida das ferramentas de saúde pública: a vacinação que se propõe imunizar o corpo humano contra doenças infecciosas já a partir dos primeiros dias de vida. Não é de hoje que há debates acalorados sobre vacinas no meio científico. Mas a questão ressurgiu com mais força há três anos, nos Estados Unidos e na Europa. Desde então, a dúvida vem se espalhando entre pais e profissionais da área médica ao redor do mundo. A crítica às vacinas apóia-se em pelo menos três pontos polêmicos.
Nos últimos tempos parece ter aumentado – ou pelo menos se tornado mais visível – a ocorrência de efeitos adversos de certas vacinas, como a tríplice contra difteria, coqueluche e tétano.
Os efeitos variam da simples irritabilidade ao desenvolvimento da doença que se pretendia evitar. Há registro de casos extremos em que a vacinação resultou em morte.
Enquanto as chamadas doenças da infância, como o sarampo e a rubéola, declinam, aparentemente como conseqüência das campanhas de vacinação, observa-se um súbito aumento de males crônicos como o diabetes, a artrite, a asma e outros tipos de alergias. Para os antivacinistas, estudos recentes, realizados em vários países, não deixam dúvidas sobre a relação causal entre a sobrecarga de vacinas recebida pelas crianças e as doenças autoimunes – males provocados por respostas anormais do sistema imunológico contra o próprio organismo.
Apesar do salto tecnológico que sinaliza a utilização, em futuro próximo, de sofisticadas vacinas de DNA (veja gráfico na página 45), que se diferenciam das outras por ter ação mais forte e prolongada (em ratos, atuam por toda a vida), os cientistas passaram a admitir recentemente que pouco sabem sobre a ação das vacinas no corpo humano. O diretor do Instituto Pasteur de Paris, Philippe Kourilsky, guardião das teorias do químico francês Louis Pasteur, pai da microbiologia, reconhece essa relativa ignorância da medicina. Em maio do ano passado, ao confessar seu espanto com a escassez de informações científicas básicas nesse campo, ele afirmou: "Cada vez que uma vacina se mostra eficaz, os cientistas simplesmente a entregam para o pessoal da saúde pública e vão estudar outra coisa".
Num país onde a quase totalidade das doenças infecciosas foi controlada, como é o caso dos Estados Unidos, o questionamento das vacinas começa a ser traduzido em números que expressam a repercussão social do problema. Um quarto das famílias americanas, segundo pesquisa do Centro Nacional de Informações sobre Vacinas, uma organização não-governamental baseada em Vienna, no Estado da Virgínia, já se pergunta se o sistema de defesa das crianças não fica enfraquecido por conta de tantas vacinações. Afinal, são quase dez doses apenas nos primeiros seis meses de vida e 22 tipos de vacinas aplicadas antes da idade escolar. Outros 19% dos americanos põem em dúvida a própria eficácia das vacinas na prevenção de doenças.
O governo dos Estados Unidos, que, desde 1986, é legalmente obrigado a indenizar possíveis vítimas das imunizações, também está atento. Seu site de Relatos sobre Efeitos Adversos das Vacinas recebeu 108 000 queixas entre janeiro e outubro do ano passado, todas encaminhadas para averiguação técnica. A maioria dos relatos diz respeito a desconfortos leves, como febres e indisposição passageiras, que os cientistas costumam desconsiderar. Mesmo assim, as referências a complicações colaterais graves – inclusive mortes – em 14% das denúncias levou o Serviço de Saúde dos Estados Unidos a redobrar a vigilância sobre os fabricantes de vacinas e a interferir nas normas de produção.
Foi proibida, por exemplo, a utilização do conservante timerosal, substância à base de mercúrio, usado na maioria das vacinas que, segundo os antivacinistas, é responsável por vários dos efeitos adversos em vacinados. (No Brasil, a maioria dos fabricantes vêm eliminando, gradualmente, o timerosal das fórmulas das vacinas.) Por solicitação da Academia Americana de Pediatria, foi suspenso o uso da vacina Sabin, fabricada com vírus vivos da poliomielite, que, segundo dados oficiais, vinha apresentando a média anual de oito casos de contágio vacinal. Isto é, a cada ano cerca de oito crianças contraíam paralisia provocada justamente pelo vírus atenuado da pólio usado na Sabin.
Agora os americanos utilizam apenas a vacina Salk, anterior à Sabin e preparada com vírus mortos, tida como menos eficaz pelos cientistas. (A vacina Sabin era utilizada nos Estados Unidos desde 1962. No Brasil, onde foi adotada na década de 60, ela ainda é empregada.)
Outros países também apertaram o cerco às vacinas nos últimos anos, baixando medidas preventivas. A Suécia substituiu a vacina tríplice DPT contra difteria, coqueluche e tétano (outra que continua sendo utilizada no Brasil), por uma variedade que exclui o componente pertussis (coqueluche em inglês), o P da sigla. É que esse componente costuma ser associado à maioria dos casos fatais e das lesões permanentes em crianças atribuídos às vacinas.
No Japão, as autoridades de saúde entraram em alerta depois que pesquisadores do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas daquele país encontraram em rios e esgotos, no ano passado, exemplares de vírus selvagens da pólio cujo exame genético comprovou serem mutantes de vírus atenuados usados na vacina Sabin. Segundo o virologista Hiromu Yoshida, chefe da equipe de pesquisadores que investiga o caso, o achado não representa uma ameaça à saúde pública dos japoneses, mas confirma uma suspeita antiga: a de que o vírus atenuado da pólio sofre mutação no organismo do vacinado, recobrando a virulência original. Esse é, a propósito, um dos cavalos de batalha dos antivacinistas.
O que dá para depreender disso? Pelo menos uma coisa: em se tratando de vacinas, um dos pilares dos programas de saúde pública em quase todos os países, será necessário mais tempo até que todas as dúvidas sejam esclarecidas e as opiniões hoje antagônicas e exaltadas convirjam para um novo entendimento. Não há resposta fácil. Mas o ponto é que há dúvidas e desconfiança onde antes parecia só haver certezas e tranqüilidade. E o debate está apenas começando. Inclusive no Brasil, país onde, nos últimos 14 meses, três mortes foram associadas ao uso de vacinas (veja quadro na página 44).
As ressalvas às imunizações são tema tabu na maioria dos círculos médicos. De um lado, não são raros os casos de pediatras que, de forma quase clandestina, aconselham pais a moderar a vacinação dos filhos ou a simplesmente evitá-la. De outro, as divergências com o pensamento médico hegemônico que manda vacinar a qualquer custo acontece sempre de forma discreta e subterrânea. O receio dos profissionais tem um pilar na rejeição que podem sofrer entre os seus pares, seja no ambiente médico seja no meio acadêmico. E outro na possibilidade de que criticar abertamente as vacinas possa, de alguma forma, conduzir a um problema maior de saúde pública. Em outubro passado, finalmente, a discussão veio à tona com um
artigo do biogenista Fernando Travi, publicado na seção "Superpolêmica", da Super. O artigo foi um dos mais comentados do ano pelos leitores, vários deles profissionais da área de saúde e pacientes com casos pessoais a relatar sobre o uso de vacinas.
"As vacinas são a mais eficiente intervenção médica que a humanidade já produziu", afirma Aguinaldo Roberto Pinto, doutor em microbiologia e pesquisador do Instituto Adolpho Lutz, de São Paulo. "Desconhecer os seus benefícios é uma estupidez sem limites", diz Cláudio Pannuti, especialista do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo. Aguinaldo e Cláudio admitem que não existem vacinas 100% seguras. Mas acham que usar os efeitos adversos dos preventivos para clamar contra as campanhas de vacinação fere o bom senso. Primeiro, argumenta Cláudio, porque tais efeitos seriam tão raros que se tornariam insignificantes diante do benefício proporcionado pelas vacinas. Isso equivaleria a dizer que as três mortes associadas às vacinas no Brasil, não justificariam acabar com a vacinação que evita epidemias que, no passado, dizimavam milhões de pessoas.
O segundo argumento pró-vacina é que o suposto aumento dos danos decorrentes da vacinação não passaria de uma falsa dedução. O que estaria acontecendo é que, com o fim ou o controle de muitas moléstias infecciosas, os casos de contágio vacinal, lesões e outros efeitos colaterais das vacinas – antes diluídos entre multidões de doentes – ganharam naturalmente maior visibilidade, transformando-se num problema de primeira grandeza em sociedades liberadas de ameaças maiores. "Suspender as campanhas de imunização traria muitos prejuízos à população, com o retorno das epidemias do passado", diz Cláudio.
Nos últimos três anos dezenas de livros foram escritos sobre o lado escuro das vacinas – nenhum em português. E muitos fóruns, realizados principalmente nos países desenvolvidos, ecoaram os argumentos antivacinistas. Em quase todos os casos, os círculos oficiais da ciência, os governos e os técnicos em saúde pública optaram por desconhecer a polêmica, no pressuposto de que o atual modelo de imunização é inquestionável. Que fique claro: nem todos os que fazem restrições às vacinas querem abolir o seu uso. "É possível utilizá-las de modo mais criterioso até que se encontre um jeito melhor de prevenir doenças", afirma o médico Romeu Carrillo Júnior, presidente da Associação Brasileira de Reciclagem e Assistência em Homeopatia. O ponto consensual é o de que está na hora de os centros tradicionais de pesquisa se disporem a investigar os problemas relacionados às vacinas e reavaliar as práticas atuais nessa área. E é aí que se encontra um dos nós mais intrincados da discussão.
Desde a experiência pioneira de Edward Jenner, inspirada numa crença popular do interior da Inglaterra, as vacinas são poções destinadas a estimular o sistema de defesa do homem a desenvolver anticorpos contra determinados vírus ou bactérias, tornando o organismo imune às doenças causadas por esses agentes. Para tanto, utiliza-se o próprio micróbio causador da doença, morto ou atenuado em sua virulência, em composições que foram sendo aperfeiçoadas ao longo dos anos. "Vacinar é adoecer, só que brandamente, sob controle", afirma Cláudio. A questão é que, como admite o pesquisador do Instituto Adolpho Lutz,
muitas vacinas apresentam uma zona de penumbra em que os cientistas não conseguem penetrar: o processo como atuam no interior do corpo.
Nascem dessa lacuna as razões para declarações inusitadas, como a de Philippe Kourilsky, do Instituto Pasteur, que reconheceu que as vacinas são mal-estudadas. E para o quadro patético descrito por Neal Nathason, diretor do Centro para Pesquisa da Aids, do governo americano, em nota recentemente publicada pela revista inglesa New Scientist. Segundo Neal, vacinas como as da hepatite B, poliomielite, sarampo e mesmo a veterana varíola são aplicadas em escala mundial sem que os cientistas conheçam até hoje seus mecanismos de ação. Aguinaldo acrescenta à lista a vacina anticoqueluche, um dos alvos preferidos dos antivacinistas pelo número expressivo de efeitos colaterais que apresenta.
Ruth Ruprecht, médica e pesquisadora da Escola de Medicina da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, oferece uma explicação de por que isso ainda acontece: "É difícil obter recursos para pesquisar vacinas que já existem". Os habituais financiadores de estudos científicos, entre os quais a grande indústria farmacêutica, costumam alegar que não há razão para investigar o que já foi descoberto, preferindo apostar em estudos que levem a novos produtos. "Isso é só meia-verdade", afirma Marcos Oliveira, diretor do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos Bio-Manguinhos, do Rio de Janeiro, de onde sai a maioria das vacinas em uso no Brasil. "Há esforços para otimizar vacinas existentes, como é o caso da vacina contra meningite, cuja fórmula não funcionava em crianças abaixo de dois anos, e dos estudos atuais para dar mais eficácia à BCG, diante do aumento da resistência do bacilo da tuberculose", diz Marcos. Esse aparente descaso acirra a crítica de adversários radicais das imunizações, para os quais vacinas são fórmulas destituídas de fundamento científico. Ao mesmo tempo limita a argumentação antivacinista pela escassez de testes laboratoriais que comprovem as alegadas relações causais entre o uso de vacinas e algumas doenças.
Em depoimento na Subcomissão de Trabalho e Saúde do Congresso americano, em 1997, o médico Harris Coulter, presidente do Centro de Medicina Empírica, de Washington, apresentou um rol de casos sugestivos de que, entre outros males, as vacinas estão por trás do aumento exorbitante dos casos de diabetes nos Estados Unidos nas últimas décadas. Desde 1950, o número de diabéticos naquele país cresceu mais de 1 000% – há 13 milhões de americanos diabéticos atualmente –, um incremento dez vezes maior do que o aumento da população. Coincidência ou não, a curva ascendente da doença avançou junto com a descoberta de novas vacinas e o avanço das campanhas de imunização.
Coulter, co-autor com Barbara Fisher de um livro clássico do moderno pensamento antivacinista, DPT: A Shot In the Dark (DPT: Um tiro no escuro), ainda inédito no Brasil, apontou suas baterias para três componentes de vacinas múltiplas – coqueluche, rubéola e cachumba – e para as vacinas contra hepatite B e gripe (Haemophilus influenza). "Desde a década de 70 a vacina contra coqueluche tem sido usada em experimentos com animais para estimular a superprodução de insulina pelo pâncreas", diz Coulter. "Mas o seguimento desse processo é a exaustão e a destruição das ilhotas de Langerhans (que geram a insulina), fato que resulta num quadro de hipoglicemia e, depois, diabetes." Como a produção de insulina no homem se dá de maneira semelhante à dos animais, o médico acredita ter encontrado aí a explicação para as estatísticas que sinalizam o aumento dos casos de diabetes após as campanhas de vacinação com a DPT nos Estados Unidos e em outros países. Não há estudos que rebatam de modo conclusivo a tese de Coulter e Fischer.
No caso da vacina anti-rubeóla, ainda segundo Coulter, o efeito do vírus atenuado no organismo seria tão nocivo e persistente quanto nos casos de rubéola congênita, contraída por bebês cujas mães tiveram a doença durante a gravidez. No organismo de quem tem a doença congênita forma-se um "complexo imune", constituído do vírus e do anticorpo correspondente, que pode perdurar por até 20 anos. Pelo menos 20% desses indivíduos acabam desenvolvendo diabetes Tipo I, o diabetes melitus. Considerando que entre os vacinados contra rubeóla foi constatada a existência do mesmo complexo imune até sete anos após a imunização, Coulter deduz que se tem aí um claro fator desencadeador do diabetes. Pessoas que nunca tiveram rubéola ou contraíram a doença naturalmente não exibem o complexo imune.
A lista de doenças graves associadas à imunização pelos antivacinistas é longa. Inclui moléstias como o autismo, esclerose cerebral, distúrbios de comportamento e alergias como a asma, doença que mata 5 000 pessoas por ano só nos Estados Unidos.
Nessa relação ocupa lugar de destaque o chamado "Mal do Golfo", a síndrome manifestada por militares americanos que lutaram na Guerra do Golfo, há dez anos. Algum tempo após o fim da guerra, cerca de 300 000 dos 700 000 soldados enviados ao campo de batalha passaram a apresentar manifestações que vão de enxaquecas a fadiga crônica, diabetes, distúrbios cerebrais e até câncer. Para os antivacinistas, o problema foi causado pela carga de 17 vacinas que os militares tomaram antes de seguir para a guerra, entre elas a vacina anthrax, contra a bactéria utilizada em armas biológicas dos iraquianos.
As incertezas são muitas. Um dos estudos mais abrangentes foi realizado no início dos anos 90 por uma comissão interdisciplinar do Instituto de Medicina americano (IOM) e, por determinação do Congresso dos Estados Unidos, envolveu apenas queixas contra a vacina anticoqueluche. O grupo investigou 18 tipos de efeitos adversos associados à vacina, entre os quais agitação e espasmos infantis, encefalite, meningite, autismo, morte súbita de bebês, anafilaxia (choque alérgico que pode ser fatal) e diabetes. Após 20 meses avaliando estudos de casos, estatísticas epidemiológicas, experiências com animais e estudos laboratoriais, a comissão descartou toda e qualquer relação causal entre a vacina e o autismo, reconheceu evidências de que ela pode provocar agitação, encefalite e choque anafilático e deixou sem resposta o resto das perguntas alegando insuficiência de dados.
Outro estudo recente do IOM descartou a associação entre a síndrome do Golfo e a vacina anthrax. Mas não conseguiu encerrar o assunto. O epidemiologista Robert Haley, do Centro Médico da Universidade do Sudoeste do Texas, em Dallas, Estados Unidos, adverte que é preciso levar em conta outros fatores, como a exposição dos militares a armas químicas e a munição fabricada com urânio empobrecido.
Também recentemente outra tese polêmica, defendida pelo jornalista Edward Hooper em seu livro The River: A Journey To The Source of HIV and Aids (O Rio: Uma jornada à origem do HIV e da Aids), ainda inédito no Brasil, foi contestada por cientistas reunidos pela Sociedade Real de Londres. Segundo Hooper, o HIV surgiu da mutação do vírus da pólio usado em vacinações no Congo, entre 1957 e 1960. A alteração teria acontecido durante o processo de atenuação da virulência do vírus através de sucessivas reproduções em chimpanzés (a técnica moderna de atenuação não envolve mais animais: consiste em submeter culturas do micróbio a alta pressão e calor). Do macaco o novo vírus mutante teria saltado para a espécie humana. Os cientistas alegam que a seqüência genética do vírus da imunodeficência em chimpanzés não confirma a tese de Hooper.
Outra face do debate expõe a questão da eficácia das vacinas na prevenção das doenças que se propõem a combater. Segundo os antivacinistas, a ineficiência é comprovada pelas estatísticas epidemiológicas. "É certo que a varíola desapareceu do mundo e a pólio foi virtualmente eliminada do Ocidente pela vacinação. Mas é exagero supor que as vacinas são responsáveis pelo controle de todas as epidemias do passado", diz Harold Buttram, membro da Academia Americana de Medicina Ambiental, sediada em Wichita, no Kansas, Estados Unidos.
Os antivacinistas afirmam que as vacinas começaram a ser usadas quando as principais doenças infecciosas já estavam em declínio, vencidas pelas defesas naturais do organismo. Ou seja: a erradicação das doenças seria resultado de fatores como a redução da pobreza, a melhoria da alimentação e das condições de higiene e de saneamento a partir da segunda metade do século XIX. Não seria conseqüência direta da vacinação. Nos Estados Unidos, afirma Harold, o índice de mortes provocadas pelo sarampo declinou 95% entre 1915 e 1958. A vacina contra a doença só foi criada em 1964. O mesmo se deu com a coqueluche na Inglaterra, cuja incidência diminuiu 82% de 1900 a 1935. Antes do início da imunização em massa naquele país, que só foi acontecer na década de 40.
A polêmica sobre as vacinas deriva de um conflito conceitual na área médica que marcou o século XIX e agora ressurge, impulsionado por novas descobertas e pelo avanço da medicina holística. São célebres os debates travados entre Louis Pasteur e Claude Bernard naquela época. Pasteur, pioneiro no estudo dos microorganismos, formulou a teoria segundo a qual cada doença possui uma causa única, um vírus ou bactéria que invade o organismo e ali produz um tipo específico de devastação. Para Bernard, a causa estava em elementos ambientais, externos e internos, e a doença não passava de uma perda de equilíbrio do organismo provocada por muitos fatores. Vem daí a noção do corpo como um "terreno" onde os microorganismos podem ou não agir de forma nociva, dependendo das condições que encontram ali. O que chamamos de doença seria mero sintoma de um mal subjacente e sistêmico, um sinal do esforço do próprio organismo para reequilibrar-se.
Pasteur ganhou a parada. Além de cientista notável, o químico francês era também um polemista habilidoso que soube aproveitar a eclosão de várias epidemias, na época, para demonstrar a lógica de seu conceito de causação específica. A partir daí, todo um modelo biomédico centrado na microbiologia e, mais recentemente, na biologia molecular, deu base aos procedimentos médicos modernos – inclusive às vacinações em massa. No livro O Ponto de Mutação, no qual discute, entre outros temas, o atual modelo médico, o físico americano Fritjof Capra afirma que, mais tarde,
Pasteur reconheceu a importância do "terreno" para as enfermidades, tendo ressaltado a influência dos fatores ambientais e dos estados mentais na resistência às infecções. O químico, porém, segundo Capra, não teve tempo para empreender novas pesquisas e seus seguidores persistiram na trilha original.
Os holísticos e os antivacinistas respondem em uníssono quando a pergunta é o que fazer para evitar doenças sem vacinas: cuidar bem do "terreno". Ou seja, manter as condições que garantiriam o bom funcionamento do sistema de defesa do organismo. Além de alimentação adequada, compõe a receita a exigência de praticar exercícios, dormir bem e evitar hábitos agressivos à saúde (álcool, fumo, drogas), a poluição ambiental e as situações estressantes. Não é fácil, mas vem crescendo o número de pessoas interessadas num caminho que evoca uma melhor qualidade de vida. A dúvida é se isso basta. "Gostaria de saber se um desses críticos das vacinações se recusaria a tomar a vacina anti-rábica se fosse mordido por um cão raivoso", diz Cláudio.
Quem vencerá o debate do século XXI – Pasteur ou Bernard? Numa época agraciada com recursos de tecnologia impensáveis há 120 anos pode-se imaginar que ficou mais fácil dirimir velhas incertezas. Ao que tudo indica, no entanto, isso não acontecerá logo. A complexidade e os muitos interesses que envolvem a questão prometem gerar mais perguntas e farpas antes que se chegue a algum consenso.

Para saber mais
Na livraria:
Childhood Immunization
Jamie Murphy, Earth Healing Products, Estados Unidos, 1998

Vaccination – L’Overdose
Sylvie Simon, Déjà, França, 1999

A Shot In The Dark
Harris Coulter e Barbara Fisher Avery, Estados Unidos, 1985

Na Internet:
www.woodmed.com/weblinks.html
www.ctanet.fr/vaccination-information
www.taps.org.br

jmorais@abril.com.br

1796 - Edward Jenner injeta a secreção das fístulas de uma vaca com varíola – ou seja, pus – em um menino. Semanas depois inocula a criança com varíola humana e ela não adoece. Daí o nome vacina, derivado da expressão latina materia vaccinia ("substância que vem da vaca")

1885 - Louis Pasteur cria a vacina anti-rábica, após descobrir que a raiva ataca o sistema nervoso central de mamíferos e é transmitida pela saliva

1911 - Começa a imunização contra a febre tifóide, doença mortal causada por bactérias e caracterizada por febre alta, diarréia e alterações cutâneas

1921 - Surge a vacina BCG, contra a tuberculose. Estudo realizado na França, na década passada, sugere que, em crianças, ela é pouco eficaz na prevenção da tuberculose, mas funciona bem contra meningite tuberculosa

1925 - A difteria e o tétano ganham suas vacinas. Na época, a difteria matava anualmente milhares de crianças entre 1 e 4 anos de idade, devido à obstrução da laringe e da traquéia

1926 - Adotada nos Estados Unidos a vacina contra coqueluche, doença que provoca tosse convulsiva em crianças. Até hoje é o maior alvo da polêmica, por causa de seus fortes efeitos colaterais

1935 - A vacina contra febre amarela, doença típica de áreas silvestres, é introduzida nos Estados Unidos. Sete anos depois passa a ser usada no Brasil, então um dos grandes focos do mal

1955 - Inventada a vacina injetável contra a poliomielite, produzida com vírus inativos. Sua eficácia ficou aquém das expectativas dos cientistas

1960 - Após 30 anos de pesquisas, o polonês naturalizado americano Albert Sabin fabrica uma vacina com vírus vivos da pólio, a famosa gotinha que ajudou a erradicar a doença das Américas

1964 - A primeira geração de vacinas contra sarampo é produzida. De 1967 a 1970, o preventivo ajudou a erradicar o sarampo em Gâmbia, na África. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), a doença voltou dois anos depois devido à suspensão da vacinação

1970 - Surge a vacina contra rubéola, mal que ataca principalmente crianças. Em mulheres grávidas pode provocar malformação do bebê

1981 - A vacina contra hepatite B é fabricada com a nova técnica de proteínas recombinantes – genes do vírus são mergulhados em culturas de células, que passam a produzir antígenos. Inoculados no organismo, eles estimulam a produção de anticorpos

1993 - Começam os testes, em ratos, das primeiras vacinas gênicas (ou de DNA), contra Influenza tipo B, malária e Aids. A meta é chegar à vacina polivalente, de dose única e ação permanente, com a transferência de genes de agentes patológicos para células do homem

1999 - Têm início os testes de vacinas de DNA em humanos. No Brasil, o experimento é feito com a vacina contra Haemophilus influenza (gripe)
O hábito de vacinar populações no Brasil começou com uma enorme confusão – a chamada "guerra da vacina". Em 1904, assustados com o boato de que a injeção transmitia sífilis, milhares de cariocas montaram barricadas nas ruas do Rio de Janeiro para evitar a vacinação obrigatória contra a varíola. A casa do bacteriologista Oswaldo Cruz, que dirigia o programa sanitário, chegou a ser alvo de tiros e, temendo o agravamento dos protestos, o governo recuou. Desde então, nenhum outro fato grave tinha abalado as campanhas de imunização no país até dezembro de 1999. Naquele mês, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) anunciou a morte da menina Andrielly Lacerda dos Santos, de 5 anos, em Goiânia, vítima de febre amarela causada pela própria vacina contra a doença.
Foi o primeiro caso no mundo, informou a Funasa. Não seria, contudo, o único transtorno recente envolvendo a vacina, obrigatória em áreas silvestres do Norte e do Centro-Oeste. Em janeiro do ano passado, Anizete Alves de Lima, de 28 anos, morreu em São Desidério, na Bahia, cinco dias após ser vacinada. Ela apresentava todos os sintomas da febre amarela. E, em 27 de fevereiro, outra jovem, Katy Cristina Ramos, de 22 anos, também faleceu em Campinas, no interior paulista, devido a insuficiência hepática e respiratória surgida no dia seguinte à vacinação. Oficialmente, só a morte da menina goiana foi associada à vacina, com base em laudo do Instituto Adolpho Lutz, de São Paulo.
Na região de Campinas, outro fato chamou a atenção do Centro de Vigilância Sanitária de São Paulo na mesma época: o aumento desproporcional de casos de meningite viral após a vacinação de dois milhões de pessoas contra a febre amarela. Foram contabilizados 403 casos em dois meses. Desde 1942, há registros estatísticos que sugerem a relação entre a vacina e surtos de meningite no Brasil.

"Vacinar é adoecer, só que brandamente, sob controle médico"
1. O pedaço do DNA do micróbio responsável pela produção da toxina causadora da doença é identificado e isolado

2. O conjunto de genes é transferido para um plasmídeo (molécula do DNA de uma bactéria) que vai funcionar como veículo de transporte

3. O plasmídeo é injetado em uma célula dentrítica da pele. Ao cair na corrente sangüínea, ela acabará se alojando em algum gânglio linfático ou nervoso

4. A célula enxertada passa então a produzir a toxina própria do micróbio e o sistema de defesa do indivíduo responde gerando anticorpos que protegerão o organismo da doença
"
_______________________________________
Reportagem de Jomar Morais, publicada na Revista Superinteressante em fevereiro de 2001 (edição 161).

12 de maio de 2008

O admirável texto de Fausto Rodrigues...

Pronto.
O texto de Fausto Rodrigues de Lima ("Admirável embrião novo", abaixo) explica muito o que penso com relação ao assunto.
Mais não vou dizer, pois já o disse (veja aqui, se interessar).

ARTIGO: Admirável embrião novo

Texto de Fausto Rodrigues de Lima, publicado hoje na Folha de São Paulo:

"Os cientistas propõem a volta da
manipulação de seres humanos.
O STF dirá se em algumas de suas
fases eles podem ser "descartados"

"NO LIVRO "Admirável Mundo Novo" (1932), o escritor inglês Aldous Huxley imaginou uma sociedade em que as pessoas eram geradas em laboratório, sem a participação do homem ou da mulher.
Grupos de indivíduos eram clonados para exercer certas funções. A sociedade era "perfeita" e "higiênica". Os "imperfeitos" eram "descartados".
A fértil imaginação do escritor, que assombrou seus contemporâneos, mostrou-se perfeitamente possível por meio da fertilização "in vitro" (final dos anos 1970) e com a recente clonagem da ovelha Dolly (1996).
Como conseqüência desses perturbadores avanços tecnológicos, o Supremo Tribunal Federal foi acionado para decidir se embriões humanos podem ser manipulados em experiências. É que a Lei de Biossegurança (11.105/05) não só permitiu uma lucrativa e descontrolada industrialização de embriões como a incentivou.
De fato, a pretexto de ajudar casais a ter filhos, laboratórios fabricam milhares de embriões excedentes. Os pais escolhem os que sobreviverão pelo sexo, pela cor dos olhos ou da pele, possibilitando uma preocupante "higienização" genética.
Os cientistas alegam que os embriões excedentes são "descartáveis", pois ficarão congelados ou serão dispensados.
Assim, agarram-se ao "fato consumado": os embriões estão congelados e os pais não os querem. Portanto, seria mais justo e digno utilizá-los em prol da medicina.
O argumento, ao estilo de "os fins justificam os meios", já foi usado por cientistas radicais a pretexto de buscar o "bem da humanidade". Exemplo emblemático foi o uso de cobaias humanas pela Alemanha no século passado. Julgavam preferível que as vidas dos "indesejáveis" servissem para ajudar a humanidade a curar doenças, já que seriam de todo modo eliminados nos campos de concentração.
Reagindo aos horrores da Segunda Guerra Mundial, a ONU determinou que a dignidade é "inerente ao ser humano" e o direito à vida é "inalienável", nos termos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Apesar disso, as experiências cruéis continuaram, inclusive nos EUA, pelos menos até os anos 1970, quando os laboratórios tiveram que recuar, em razão da oposição dos defensores dos direitos humanos. A partir daí, voltaram-se os cientistas contra os animais de outras espécies, os quais são até hoje submetidos a intenso sofrimento físico e mental, inclusive pela indústria dos cosméticos. Afinal, alegam, a beleza também contribui para o "bem da humanidade".
Convencidos, porém, de que a utilização de animais não é suficiente, os cientistas propõem a volta da manipulação de seres humanos. Pregam que os embriões e os fetos são "descartáveis".
Assim, o STF decidirá se essa "admirável" criatividade dos cientistas burla o direito internacional e a Constituição, ou seja, se o ser humano, em algumas de suas fases, pode ou não ser "descartado".
Ora, a Constituição determina que a dignidade e a vida do ser humano são invioláveis. Não excepcionou fases ou estágios de desenvolvimento da vida. Logo, a vida completa, desde o início, tem dignidade. Não é possível aceitar nenhuma conduta que importe em sua coisificação ou instrumentalização. Isso significa que a Lei da Biossegurança contraria o ordenamento nacional e o internacional. Se fosse possível descartar fases do ser humano em nome do "fato consumado", as pessoas gravemente doentes fatalmente seriam objeto de experimentos, bem como as crianças abandonadas, mediante o consentimento (presumido) dos seus genitores.
Além disso, o Código Civil de 2002 determina que "a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro". Isso quer dizer que os direitos humanos começam com a fecundação, e não com o nascimento. Esse princípio vigora entre nós desde o Código Civil de 1916. Assim, se o STF acatar a posição dos cientistas, terá que declarar a revogação parcial do Código Civil e da proteção ao nascituro, reconhecendo que ele poderá ser eliminado na fase embrionária e fetal.
Visando poupar o STF desse impasse jurídico, alguns cientistas inventaram uma interpretação "alternativa". Práticos, sustentam que só há vida se o embrião estiver no corpo feminino.
Sugerem que suas criações laboratoriais são "coisas". Desse modo, quando estiverem em uso úteros e placentas artificiais, seus "produtos" poderão servir de cobaias, inclusive na fase adulta. Ao negar dignidade humana aos "filhos de laboratório", criam um caminho mais rápido para o "admirável mundo novo".
É claro que a ciência deve fazer todo o esforço para curar as doenças que flagelam o ser humano. Não é aceitável, porém, retroceder ao passado, por mais prático e cômodo que seja esse caminho, sob pena de destruir princípios universais que foram construídos após muito sofrimento e luta. "
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Texto de FAUSTO RODRIGUES DE LIMA (promotor de Justiça do Distrito Federal), publicado na Folha de São Paulo em 12/05/08.

10 de abril de 2008

Mais Tibet...

Encontrei mais essa imagem de protesto contra a
dominação chinesa no Tibet.
Encontrei no blog Subversivos.

8 de abril de 2008

Indústria Farmacêutica

Já disse por aqui que não confio na indústria farmacêutica. Dizem alguns especialistas no assunto que, juntamente com a indústria de armas, ela faz parte do rol das indústrias mais ricas do mundo.
Acredito que ela inventa doenças e cria medicamentos.
Acredito que ela manipula pesquisas e coloca no mercado medicamentos prejudiciais à saúde do ser humano.
Acredito que ela vive em conluio com o governo.
Acredito que ela libera medicamentos não testados corretamente e faz os consumidores de cobaias sem aviso prévio.
Acredito que muitas dessas cobaias vivem nos países subdesenvolvidos.
Acredito que eles mascaram suas técnicas de pesquisas assassinas com pseudo campanhas de saúde em países pobres. E a população acredita que está tendo atendimento de saúde gratuito enquanto na verdade está servindo de cobaia para teste de novos medicamentos.
Bom, mas fico feliz de perceber que não estou tão sozinha assim nesse vasto campo da desconfiança.
Vejam a reportagem abaixo.
Pensemos duas vezes antes de confiarmos na medicina alopata.

ARTIGO: Não confie nos laboratórios

"O ex-executivo da Pfizer diz que as práticas
da indústria farmacêutica são ilegais e antiéticas
Escritor sueco Peter Rost tornou-se o pesadelo da indústria farmacêutica. Ele foi demitido do cargo de vice-presidente de Marketing da Pfizer em dezembro de 2005, depois de acusar a companhia de promover de forma ilegal o uso de genotropin, um hormônio do crescimento. A substância era vendida como um potente remédio contra rugas. A empresa teria faturado US$ 50 milhões com o produto em 2002. No fim da década de 90, quando era diretor da Wyeth na Suécia, Rost denunciou também uma fraude na companhia: sonegação de impostos. Ele diz que agora se dedica a escrever o que sabe contra a indústria em seu blog e em livros. No começo do ano que vem, ele lançará Killer Drug (Remédio Assassino), história de ficção em que um laboratório desenvolve armas biológicas e contrata assassinos para atingir seus objetivos. “Mas eu diria que boa parte é baseada em fatos reais”, afirma.
“Não há interesse em desenvolver medicamentos
que possam acabar com doenças conhecidas há décadas”
ÉPOCA – O senhor comprou uma briga grande...
Peter Rost – Eu não. A diretoria da Pfizer é que começou a briga. Eu fazia meu trabalho. Certa vez, presenciei uma ação ilegal e cheguei a questioná-la. Fui ignorado. Quando falei o que sabia, eles me demitiram.
ÉPOCA
– Depois das denúncias, houve algum tipo de ameaça?
Rost – Há cerca de um mês recebi uma, de um empresário indiano ligado ao setor. Ele disse que daria um jeito de acabar comigo. Nunca recebi ameaças das companhias. Elas são espertas demais para se expor desse jeito.
ÉPOCA
– Como a indústria farmacêutica se tornou tão poderosa?
Rost – Eles ganham muito dinheiro, cerca de US$ 500 bilhões ao ano. E podem comprar a todos. Os laboratórios se tornaram donos da Casa Branca. O governo americano chega a negociar com os países pobres em nome deles. Como isso é feito? Os Estados Unidos pressionam esses países para que aceitem patentes além do prazo permitido (15 anos em média). Quando a patente se estende, os países demoram mais para ter acesso ao medicamento mais barato. E, se as nações pobres não aceitam a medida dos americanos, correm o risco de sofrer retaliação e de nem receber os medicamentos. Essa atitude é o equivalente a um assassinato em massa. Pessoas que dependem dos remédios para sobreviver, como os soropositivos, poderão morrer se o país não se sujeitar a esse esquema.
ÉPOCA
– O Brasil quebrou a patente do medicamento Efavirenz, da Merck Sharp & Dohme, usado no tratamento contra a aids. O governo brasileiro acertou?
Rost – Sim. O governo brasileiro não tinha escolha. Ele tem obrigação com os cidadãos do país, não com as corporações internacionais preocupadas com lucro. O que é menos letal? Permitir que a população morra porque não tem acesso a um remédio ou quebrar uma patente? Para mim, é quebrar a patente. A lei de patente foi justamente estabelecida para incentivar a criação de medicamentos. Seria uma garantia para que os laboratórios tivessem lucro por um bom tempo e uma vantagem em troca de todo o dinheiro empregado durante anos no desenvolvimento de uma droga. Mas, se bilhões de pessoas estão sem tratamento, porque as patentes estão sendo prolongadas e os medicamentos continuam caros, há sinais de que a lei não funciona. Ela foi feita para ajudar, não para matar.
ÉPOCA
– As práticas de venda da indústria farmacêutica colocam em risco a saúde da população mundial?
Rost – Não tenha dúvida. Basta lembrar o caso do Vioxx, antiinflamatório da Merck Sharp & Dohme retirado do mercado em 2004 por causar ataque cardíaco em milhares de pessoas pelo mundo.
ÉPOCA
– Então, não podemos mais confiar nos laboratórios?
Rost– Não, não podemos confiar. A preocupação principal deles é ganhar dinheiro. As pessoas têm de se conscientizar disso. Cobrar posições claras de seus médicos, que também não são confiáveis, pois seguem as regras da indústria. Eles receitam o remédio do laboratório que lhes dá mais vantagens, como presentes ou viagens. É uma situação difícil para o paciente. Por isso, é importante ter a opinião de mais de um médico sobre uma doença. E checar se ele é ligado à indústria. Como saber? Verifique quantos brindes de laboratório ele tem no consultório. Se houver mais de cinco, é mau sinal.
ÉPOCA
– Os laboratórios são acusados de ganhar dinheiro ao lançar remédios com os mesmos efeitos de outros já no mercado. O senhor concorda com essas acusações?
Rost – Sim. Eles desenvolvem drogas parecidas com as que já estão à venda. Não necessariamente são as mesmas substâncias químicas. No geral, são as que apresentam os mesmos efeitos colaterais. É por isso que existem dezenas de antiinflamatórios e de antidepressivos. É muito fácil criar um remédio quando já se conhecem os resultados e as desvantagens para o paciente. O risco de falha e de perder dinheiro é muito baixo. Os laboratórios não estão pensando no benefício do paciente. É pura concorrência.
ÉPOCA
– É por isso que não se investe em tratamentos para doenças como a malária, mais comuns em países pobres?
Rost – Não há interesse em desenvolver medicamentos que possam acabar com doenças conhecidas há décadas. Os países pobres não podem pagar essa conta. O Brasil é visto pela indústria farmacêutica internacional como um mercado pequeno. Ela se baseia em dados de que apenas 10% dos brasileiros têm condições de pagar por medicamentos. Para eles, esse número não significa nada.
ÉPOCA
– Segundo uma teoria, os laboratórios “criam” doenças para vender medicamentos. Isso é real?
Rost – É o caso da menopausa. Sei que as mulheres passam por problemas nesse período da vida. Mas não classifico a menopausa como doença. As mulheres usam medicamentos com estrógeno para amenizar calores e melhorar a elasticidade da pele. Os laboratórios se aproveitaram dessas reações naturais da menopausa e as classificaram como graves. Quando as mulheres tomam os remédios, sofrem infarto como efeito colateral.
ÉPOCA
– As práticas ilegais da indústria farmacêutica são piores que as de outros setores, como o de tecnologia?
Rost – Sim, porque os laboratórios lidam com vida e morte. Você não vai morrer se a televisão ou o DVD não funcionarem direito.
ÉPOCA
– Não devemos levar em consideração que, hoje, graças à pesquisa dos laboratórios, foi descoberta a cura para várias doenças e há maior qualidade de vida?
Rost – Claro que sim. Os laboratórios fizeram muita coisa boa. Em troca de muito dinheiro. "
Artigo publicado na Revista Época em 02/08/2007

2 de abril de 2008

A história imita a arte?

Tenho medo quando leio uma notícia como a abaixo.
É exatamente por isso que tenho receio com relação à liberação das pesquisas com células-tronco.
Tenho medo pois sei que esses caras não têm escrúpulos.
Tenho medo do que eles podem criar (mutantes?).
Tenho medo do que eles já fizeram.
Tenho medo desses homens mexendo com o cerne das espécies, misturando genes, inventando novos seres.
Como se fossem Deus (mas sem a infinita bondade).
Quando leio notícia assim lembro daqueles filmes em que seres humanos são criados em laboratórios, vivem presos em um tubo de ensaio gigante, servindo de cobaias para experimentos de outros homens, que buscam dominar o mundo criando uma sub-raça.
Sei lá. Tanta coisa!
Quero crer (mas não consigo) que talvez eu tenha assitido muita televisão.

NOTÍCIA: Britânicos criam embrião híbrido humano-vaca

"DO "INDEPENDENT"
Cientistas confirmaram ter criado um embrião híbrido, humano-animal pela primeira vez no Reino Unido, num esforço para desenvolver novas células-tronco para tratamentos de doenças como mal de Parkinson e diabetes.Os pesquisadores fundiram material genético humano com células de bovinos que tiveram a maior parte de seu material genético removido. O embrião híbrido resultante é geneticamente 99,9% humano e 0,1% bovino.A pesquisa -considerada "monstruosa" pela igreja- ainda é preliminar e não foi publicada numa revista científica. Pesquisadores da Universidade de Newcastle, porém, insistem que os resultados são válidos. Eles dizem que o embrião híbrido sobreviveu por três dias no tubo de ensaio.Os cientistas gostariam que o embrião vivesse por até seis dias, assim poderiam extrair células-tronco embrionárias e fazê-las se diferenciarem em vários tecidos. "O trabalho foi autorizado em janeiro. Algum progresso foi feito, mas ainda não é o resultado definitivo. Apesar disso, está gerando estímulo em razão do debate político atual", afirmou John Burn, professor da Universidade de Newcastle. Os resultados foram apresentados numa conferência em Israel."
Notícia publicada na Folha de São Paulo, em 02/04/08.

29 de março de 2008

Repórteres sem fronteiras


Reporters without borders: http://www.rsf.org/

Apoiemos o boicote às Olimpíadas!

Liberdade ao povo tibetano!

25 de março de 2008

Mais vacinas...

O texto abaixo, publicado no site da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), corrobora parte do que eu disse sobre as vacinas no post do dia 13/03/2008.
Fico feliz por saber que o assunto está começando a ser levado a sério, e levado ao público, e não mais veiculado apenas nos bastidores ou como assunto de pessoas subversivas.
Informação. Educação. Conscientização.
Formemos nossa própria opinião a respeito do que nos é imposto ("Viva melhor. Vacine-se contra a gripe.", "Vacine seu filho menor de cinco anos contra a paralisia infantil. Vamos bater juntos mais um recorde").
Decidamos o que é melhor, conscientes.
Informem-se!

NOTÍCIA: Depois da Gotinha

Por Alex Sander Alcântara
"Agência FAPESP – Até o fim do século 20, a vacinação oral era vista como a principal arma para erradicar a poliomielite em todo mundo. Mas especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) já discutem a necessidade de substituir a vacina oral pela vacina de vírus inativado.
A razão é que o risco de desenvolver paralisia por vírus derivados da própria vacina seria, atualmente, maior do que o risco de contrair a doença pelo vírus selvagem.
Um estudo realizado no Brasil fez uma avaliação dessa tendência do cenário internacional e apontou a necessidade de se introduzir, no calendário brasileiro, a vacina com vírus inativado para combater a poliomielite. O trabalho foi publicado na Revista Paulista de Pediatria.
De acordo com a autora do estudo Lucia Ferro Bricks, pesquisadora do Instituto Sanofi Pasteur, o objetivo da pesquisa era fazer uma análise crítica das estratégias propostas pela OMS para controle global da poliomielite, bem como discutir riscos e benefícios de mudar a estratégia de vacinação adotada no Brasil.
“A vacina oral, que tantos benefícios trouxe à humanidade, hoje é responsável por casos de paralisia, incluindo o poliovírus tipo 2, que não circula mais no mundo. A identificação dos casos de paralisia associados aos vírus circulantes derivados da vacina oral na República Dominicana, Haiti, Egito, Iêmen e em outros países é, hoje, grande motivo de preocupação da OMS”, disse à Agência FAPESP.
Ela explica que o Brasil não tem casos de paralisia pelo vírus selvagem há quase uma década, graças à vacina oral e às campanhas de vacinação. Ao mesmo tempo, os casos de paralisia por vírus derivados dos poliovírus vacinais são raros, principalmente em populações com elevadas coberturas vacinais. Mesmo assim, os pesquisadores consideram que eles dificultam a erradicação da doença.
“Está claro que os vírus vacinais podem readquirir propriedades de neurovirulência, circular e causar epidemias, dificultando a erradicação da pólio. É essencial adotar rapidamente novas estratégias de vacinação, que deverão incluir a introdução da vacina de vírus inativado no país. Enquanto não for possível modificar a atual estratégia de vacinação, é preciso manter altas coberturas vacinais com a do tipo oral”, afirmou a pesquisadora. Risco de paralisia
As principais estratégias da OMS para erradicação global da pólio têm como base o uso da vacina trivalente oral contra a poliomielite, que contém os poliovírus do tipo 1, 2 e 3. A escolha dessa vacina se deve à facilidade de administração, ao baixo custo e à maior imunidade de mucosas, em comparação com a vacina de vírus inativados. Em contrapartida, há necessidade de um grande número de doses para que ocorra proteção contra os três tipos de poliovírus.
Além disso, existe o risco de causar paralisia, tanto pelos vírus vacinais como por vírus que sofrem mutação. Esses continuam a circular e têm causado paralisia em comunidades com baixas coberturas vacinais, risco de excreção viral prolongada – quando a vacina é administrada inadvertidamente a imunodeficientes – e apresentam baixa termoestabilidade.
“Antes de se descobrir o problema associado aos vírus circulantes derivados da vacina oral, a excreção intestinal prolongada dos vírus vacinais era considerada como ‘vantagem’ da vacina oral. Hoje, ela é vista com grande preocupação, pois pode haver contaminação de pessoas não vacinadas, incluindo imunocomprometidos”, disse Lucia.
Segundo ela, durante a replicação no intestino alguns vírus podem sofrer mutações e readquirir propriedades virulentas. "Esses vírus podem circular em comunidades com baixa cobertura vacinal e causar paralisia clinicamente indistinguível da causada por vírus selvagens. Diversas epidemias de paralisia por vírus derivados dos poliovírus vacinais têm sido identificadas desde o ano 2000", destacou.
A professora da FMUSP ressalta que os avanços da medicina aumentaram a expectativa de vida dos imunocomprometidos – pacientes que sofrem de doenças graves como leucemia e Aids, ou os que foram submetidos a tratamentos com corticóides e radioterapia, por exemplo. Vivendo mais, eles estão mais expostos aos vírus vacinais.
A principal vantagem da vacina inativada, segundo Lucia, é a segurança, uma vez que não causa paralisia e apresenta maior imunogenicidade, ou seja, proteção contra os três poliovírus. Por outro lado tem um custo maior e sua comercialização em larga escala é dificultada pela técnica de aplicação intramuscular. De acordo com a autora, essa dificuldade pode ser superada.
“Atualmente, é possível o uso de vacinas combinadas. Em uma só injeção, pode-se administrar a vacina inativada combinada com outras vacinas administradas por via intramuscular, na mesma época em que a vacina contra pólio, como DPT (células inteiras ou acelular), Haemophilus influenzae do tipo b e hepatite B”, afirmou.
A vacina de vírus inativado ainda tem disponibilidade restrita. É produzida por poucos países industrializados (França, Canadá, Bélgica, Dinamarca e Holanda), a partir da inativação de grandes quantidades de vírus selvagens. Em relação aos países em desenvolvimento, segundo Lucia, existem restrições para produzi-la uma vez que os laboratórios precisam desenvolver técnicas avançadas de segurança para conter os vírus selvagens e evitar a ocorrência de acidentes. "
25/03/2008
Por Alex Sander Alcântara
Notícia publicada no site da FAPESP.

19 de março de 2008

NOTÍCIA: Distribuidora pede suspensão de venda de salgadinho coreano em SP

"Na Coréia do Sul, fabricante faz recall de
produto por causa de cabeça de rato em pacote.
Distribuidora em São Paulo diz que medida é
preventiva e lotes são diferentes.

A O&G Company, uma das quatro distribuidoras no Brasil que importa e revende os salgadinhos da marca Nongshim, informou na tarde desta quarta-feira (19) que está pedindo aos seus revendedores em São Paulo que suspendam as vendas de um dos produtos mais populares da Coréia do Sul, o Shrimp Flavored Cracker.
De acordo com o gerente de marketing da O&G, Roberto Messias, a decisão foi tomada após a distribuidora ter sido informada que a empresa coreana está fazendo um recall do salgadinho depois que uma mulher encontrou uma cabeça de rato dentro de um dos pacotes.
Messias disse que a suspensão das vendas deverá ser realizada até a distribuidora receber um documento oficial da Nongshim afirmando que não há problemas com os produtos vendidos no Brasil. Segundo o gerente, o salgadinho não deverá ser recolhido no país por dois fatores: o produto em que foi encontrada a cabeça de rato veio de uma fábrica da empresa em Pusan e os vendidos no Brasil são todos fabricados em uma unidade em Seul; e o lote em que houve o problema é de embalagens de 400g e os que são revendidos aqui são de 75g.
A O&G é responsável pela distribuição do Shrimp Flavored Cracker para cerca de 100 revendedores, a maioria deles em São Paulo.
Pedido de desculpas
Segundo a BBC, a Nongshim, maior produtora de alimentos processados da Coréia do Sul, lançou um pedido formal de desculpas e já mandou recolher milhares de pacotes do produto das prateleiras da Coréia do Sul.
Autoridades de vigilância sul-coreanas já inspecionaram uma das fábricas da empresa na Coréia do Sul e planejam visitar uma usina na China que também realiza o processamento do produto. "

Notícia pulbicada em:
http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL356975-5605,00-DISTRIBUIDORA+PEDE+SUSPENSAO+DE+VENDA+DE+SALGADINHO+COREANO+EM+SP.html

13 de março de 2008

BBB - "Não porque o programa é ruim. Mas porque o programa não é nada."

Quer saber o que eu acho do BBB? Veja aqui.
Marcelo Tas espelhou meus sinceros sentimentos a respeito do assunto.
Não, eu também não assisto.
Sim, sinto vergonha quando vejo o programa ainda que por poucos segundos.
Como bem disse o Marcelo Tas, aquilo não é nada.

11 de março de 2008

Sobre o texto do Ubaldo. E sobre vacinas, especialmente.

Três homens conversando em um bar. O próprio Ubaldo, um médico e um senhor. Este último pintado como levemente insano, e intrometido na conversa dos dois primeiros. Digo que o senhor intrometido é o mais lúcido daquela conversa. O médico? Postura tradicional, nada de mais, tudo de menos. Confiante na medicina e, pior ainda, nos meios por ela utilizados (lê-se, no caso, vacinas). O Ubaldo? Caiu de pára-quedas na conversa e, com todo o respeito, antes de duvidar das idéias do senhor poderia ter se informado melhor sobre o assunto, e assim fazer um favor à sociedade. Sim, pois as vacinas não merecem toda a consideração que carregam. Vou citar aqui alguns pontos sérios a respeito do tema, brevemente, pois o assunto é vasto e profundo.
O médico do texto disse que não morreu velho nenhum por causa da vacina. Mentira. Morreram sim. E, tenho certeza, muito mais dos foram noticiados. Sim, pois as pessoas, infelizmente, por confiarem nas vacinas e nas campanhas do governo, dificilmente relacionam a morte com a recente dose de vacina ingerida. E, no caso dos idosos, a relação fica ainda mais longe, uma vez suas mortes ainda podem ser consideradas como decorrentes de suas idades avançadas. Lamentável.
Mas as consequências da vacinação não são suportadas só pelos velhos. Muitos bebês, especialmente, morrem em decorrência de vacinas. Hoje em dia, os bebês são bombardeados com doses absurdas dos mais variados tipos de vacinas, desde o primeiro dia de vida. Os pais nem sequer questionam, simplesmente aceitam. Aceitam as reações, os choros incessantes, acreditando que estão fazendo o melhor para seus filhos. E quando ocorre alguma conseqüência mais séria, como seqüelas graves, autismo, ou até a morte, sequer consideram a relação de tais enfermidades com as vacinas recentemente consumidas. Eles não têm culpa, ao menos não completamente. Nunca foi dito a eles que a vacinação poderia acarretar sérias conseqüências às vidas de seus filhos. Muito pelo contrário. Mas muitos pais já perceberam, e lutam contra tais práticas na esperança de alertar o maior número possível de pessoas, para que mais crianças e pais não sofram como eles sofreram. Seus relatos estão espalhados pela internet.
As estatísticas governamentais publicadas sobre as vacinas são falaciosas. Não há estudo comparativo entre dois grupos sociais, um vacinado e outro não vacinado. Todos os estudos publicados sobre o tema são baseados em estatísticas baseadas apenas em grupos vacinados. Portanto, não há base para comparação, não há como afirmar que a alegada queda dos índices de determinas doenças ocorreu por conta da vacinação. Muitos estudiosos do assunto sustentam que as doenças têm um ciclo próprio de infestação, de forma que é natural um pico de infestação em determinada fase, seguido por uma queda relativamente brusca, podendo chegar em um nível quase zero de novas ocorrências. Repito, isso acontece naturalmente, independente da manipulação de vacinas. Ocorre que muitas campanhas de vacinação ou novas vacinas são lançadas justamente no ápice da infestação da doença, e a queda posterior é atribuída à vacinação. Mas ocorre que a queda posterior ocorreria mesmo sem a administração da vacina. É justamente este estudo comparativo que não existe, ou nunca foi divulgado.
Substâncias altamente prejudiciais à saúde são utilizadas na composição das vacinas, entre as quais podemos citar mercúrio, alumínio e formaldeído. No corpo pequeno e frágil de um recém-nascido tais substâncias são potencialmente danosas. Em alguns países estrangeiros, o governo proibiu a inclusão de certas substâncias nas vacinas.
Mas se a vacinação não é tão benéfica quanto acreditamos, por qual razão o governo continua a promovê-las? E os médicos, por qual razão continuam a indicá-las? Dinheiro e desinformação. A indústria farmacêutica, que está entre as mais ricas do mundo, é manipuladora de todo tipo de informação, chegando ao ponto de comprar pesquisas, inventar remédios desnecessários, ocultar os possíveis danos de muitas medicações. A grande maioria dos médicos não recebem tais informações, ou não acreditam nelas, acreditam sim na medicina alopática tradicional. Sem contar que muitos são patrocinados pelos laboratórios e, em troca, indicam suas vacinas. Outros tantos são donos de clínicas de vacinação, cobram fortunas por vacinas desnecessárias, e (pasmem!) muitos não dão aos seus próprios filhos toda a quantidade de vacinas que receitam.
E a sociedade? Engole tudo, com um comprimido na garganta e dois goles de água.
Como bem disse o senhor do texto do Ubaldo, “eles são capazes de tudo”. Concordo. Tudo e muito mais. Já assistiram o filme “O Jardineiro Fiel”?
Existem muitos outras informações importantes a respeito do tema, mas hoje vou parando por aqui. Quem quiser conhecer mais sobre o assunto, ainda que seja para discordar, indico, para começar, o site: http://www.taps.org.br/Paginas/Index.html .
Finalizo com um frase da Sônia Hirsh, para reflexão: "a saúde é subversiva porque não dá lucro a ninguém".

ARTIGO: Viroses da Vida - João Ubaldo Ribeiro

'Eu não me vacino, o otário vai no posto,
toma vacina, tem um treco
e abotoa o paletó rapidinho'
"Há os maldosos que dizem que eu deveria sempre encerrar esta coluna com a frase 'desculpem qualquer coisa'. Assistir-lhes-á, talvez, razão, como essa mesóclise aí poderá corroborar. Mas começar com 'desculpem qualquer coisa' nunca me havia ocorrido até hoje, como está acontecendo agora. Bem verdade que posso gabar-me em mais uma vez ingressar na Galeria dos Heróis Desconhecidos do Jornalismo, informando que, no momento, me encontro acometido de crudelíssima virose e obrigado a violentar o corpo mole, a mente rateante e a vontade de cair na cama para não deixar de cumprir o dever profissional. Mas o leitor não tem nada com isso e, virose ou não virose, é seu direito encontrar no mesmo lugar a coluna que espera, nem que seja para amassá-la como todo domingo, ou novamente declarar no boteco que não vai perder tempo em ler porcaria. O dever do jornalista é multifacetado e até essas pequenas alegrias ele deve, quando pode, proporcionar sem ver a quem, em mundo tão eivado de tragédias e assombrações. Não, não compareci a nenhum consultório médico para saber que estou com uma virose. Embora para sempre enredado pela invencível malha médica, tenho procurado seguir, na medida do possível, o conselho que um de seus próprios membros me deu. Era como ele mesmo agia. 'Quando seu médico disser que quer ver você', ensinou ele, 'pegue uma fotografia boa e mande para ele. Hoje em dia, com as câmeras digitais, é moleza. Se ele for do tipo meticuloso, você pode até mandar uma foto diferente todo dia.' É verdade, a informática revolucionou a medicina de mil maneiras, até com essa conquista para mim espetacular. Virose é uma enfermidade produzida por vírus, explica o dicionário. Diz, porém, a nossa experiência que virose é qualquer condição orgânica que nos incomoda e cuja origem o médico não consegue encontrar. Sentimos um mal-estar mais ou menos persistente, vamos ao médico. Ele então nos aplica a medicina moderna, que consiste em nos enviar para a Nasa, ou seja, a um número aparentemente infinito e crescentemente especializado de laboratórios e clínicas, para fazermos exames de nomes extraterrestres. Vamos aos laboratórios, somos submetidos a toda sorte de sevícias e humilhações (entre as quais avulta referirem-se no diminutivo a todas as partes do nosso corpo, inclusive as nossas vergonhas, o que, ao menos no caso dos homens, pode ser ofensivo ou mesmo traumático) e ao médico voltamos, geralmente sem estar sentindo mais nada. Ele folheia os laudos em cinco segundos, pronuncia-nos em excelente condição para nossa idade e nos comunica que fomos vítimas de uma virose. Ouvimos a habitual admonição quanto ao nosso colesterol, somos polidamente descritos como glutões grosseiros e faltos de caráter e voltamos para a mesma vida besta de sempre, só que com o currículo enriquecido com mais 18 picadas, uma tomografia, uma ressonância magnética, uma endoscopia e talvez dezenas de outras experiências que o pudor e o auto-respeito mandam tentar esquecer.Mas minha virose, desta vez, foi diagnosticada no boteco mesmo, por um dos muitos médicos que o freqüentam. Ele me deu uma aulazinha sobre o assunto e me perguntou se me vacino periodicamente contra gripe, como aconselha minha condição de idoso e minha aparente suscetibilidade a viroses. Respondi que sim, resignei-me, mudamos de assunto. E tudo, com exceção da virose, desapareceria ali mesmo, se não tivesse surgido um inesperado debate, partido de um senhor que estava sentado a uma mesa próxima da nossa. Desculpou-se por se meter na conversa e fazia questão de ressalvar que não iria manifestar falta de confiança no médico que falara, mas 'neles'. Não ficou bem claro quem são 'eles' e aí deixo com vocês a identificação, reproduzo somente os brados.
- Eu não me vacino! Eles são capazes de tudo! Eu tenho um grupo de estudos que já chegou à conclusão de que eles querem é resolver o déficit da Previdência! E a melhor maneira é botando um negócio na vacina dos velhos! Há dezenas e dezenas de opções ao alcance deles! O velho otário vai lá no posto, toma a vacina e aí tem um treco e abotoa o paletó rapidinho! Aqui pra eles, nenhum de nós toma a vacina!
- Não, desculpe, isso não é verdade. O senhor tem visto as campanhas todos os anos e não morreu velho nenhum por causa da vacina.
- Por enquanto! Isso é até o pessoal pegar confiança. Aí, quando menos se esperar - créu! - não vai sobrar um velho, pode escrever. E aí eles abrem uma CPI, falam pra cacete e o resultado vai ser criarem um imposto sobre o dinheiro que os velhos deixarem e vai aparecer uma Operação Matusalém para pegar a quadrilha que quer tomar o dinheiro deixado pelos velhos e...
- Não, desculpe outra vez, o senhor deve estar brincando, isso é completamente implausível.
- Implausível? Implausível? Onde é que o senhor mora, tem alguma coisa implausível aqui? No dia em que alguma sacanagem for implausível no Brasil, é porque é implausível no Universo, só assim! Aqui não tem nada de implausível, nem impossível! Eu não tomo essa vacina, não tem quem me faça! Eu tenho é 76 anos desta merda e já vi tudo acontecer aqui, não tem quem me faça tomar vacina deles, nem pra frieira do dedão! Eles é que procurem armar outra, porque pra mim essa não cola!
Lamentável desconfiança, triste sinal dos tempos. Claro que vou continuar a tomar a vacina. Só que, da próxima vez, já mais para perto do fim da campanha, para ver o que aconteceu no começo."
Texto de João Ubaldo Ribeiro
Publicado no jornal O Estado de São Paulo, em 09/03/08.