29 de março de 2008

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25 de março de 2008

Mais vacinas...

O texto abaixo, publicado no site da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), corrobora parte do que eu disse sobre as vacinas no post do dia 13/03/2008.
Fico feliz por saber que o assunto está começando a ser levado a sério, e levado ao público, e não mais veiculado apenas nos bastidores ou como assunto de pessoas subversivas.
Informação. Educação. Conscientização.
Formemos nossa própria opinião a respeito do que nos é imposto ("Viva melhor. Vacine-se contra a gripe.", "Vacine seu filho menor de cinco anos contra a paralisia infantil. Vamos bater juntos mais um recorde").
Decidamos o que é melhor, conscientes.
Informem-se!

NOTÍCIA: Depois da Gotinha

Por Alex Sander Alcântara
"Agência FAPESP – Até o fim do século 20, a vacinação oral era vista como a principal arma para erradicar a poliomielite em todo mundo. Mas especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) já discutem a necessidade de substituir a vacina oral pela vacina de vírus inativado.
A razão é que o risco de desenvolver paralisia por vírus derivados da própria vacina seria, atualmente, maior do que o risco de contrair a doença pelo vírus selvagem.
Um estudo realizado no Brasil fez uma avaliação dessa tendência do cenário internacional e apontou a necessidade de se introduzir, no calendário brasileiro, a vacina com vírus inativado para combater a poliomielite. O trabalho foi publicado na Revista Paulista de Pediatria.
De acordo com a autora do estudo Lucia Ferro Bricks, pesquisadora do Instituto Sanofi Pasteur, o objetivo da pesquisa era fazer uma análise crítica das estratégias propostas pela OMS para controle global da poliomielite, bem como discutir riscos e benefícios de mudar a estratégia de vacinação adotada no Brasil.
“A vacina oral, que tantos benefícios trouxe à humanidade, hoje é responsável por casos de paralisia, incluindo o poliovírus tipo 2, que não circula mais no mundo. A identificação dos casos de paralisia associados aos vírus circulantes derivados da vacina oral na República Dominicana, Haiti, Egito, Iêmen e em outros países é, hoje, grande motivo de preocupação da OMS”, disse à Agência FAPESP.
Ela explica que o Brasil não tem casos de paralisia pelo vírus selvagem há quase uma década, graças à vacina oral e às campanhas de vacinação. Ao mesmo tempo, os casos de paralisia por vírus derivados dos poliovírus vacinais são raros, principalmente em populações com elevadas coberturas vacinais. Mesmo assim, os pesquisadores consideram que eles dificultam a erradicação da doença.
“Está claro que os vírus vacinais podem readquirir propriedades de neurovirulência, circular e causar epidemias, dificultando a erradicação da pólio. É essencial adotar rapidamente novas estratégias de vacinação, que deverão incluir a introdução da vacina de vírus inativado no país. Enquanto não for possível modificar a atual estratégia de vacinação, é preciso manter altas coberturas vacinais com a do tipo oral”, afirmou a pesquisadora. Risco de paralisia
As principais estratégias da OMS para erradicação global da pólio têm como base o uso da vacina trivalente oral contra a poliomielite, que contém os poliovírus do tipo 1, 2 e 3. A escolha dessa vacina se deve à facilidade de administração, ao baixo custo e à maior imunidade de mucosas, em comparação com a vacina de vírus inativados. Em contrapartida, há necessidade de um grande número de doses para que ocorra proteção contra os três tipos de poliovírus.
Além disso, existe o risco de causar paralisia, tanto pelos vírus vacinais como por vírus que sofrem mutação. Esses continuam a circular e têm causado paralisia em comunidades com baixas coberturas vacinais, risco de excreção viral prolongada – quando a vacina é administrada inadvertidamente a imunodeficientes – e apresentam baixa termoestabilidade.
“Antes de se descobrir o problema associado aos vírus circulantes derivados da vacina oral, a excreção intestinal prolongada dos vírus vacinais era considerada como ‘vantagem’ da vacina oral. Hoje, ela é vista com grande preocupação, pois pode haver contaminação de pessoas não vacinadas, incluindo imunocomprometidos”, disse Lucia.
Segundo ela, durante a replicação no intestino alguns vírus podem sofrer mutações e readquirir propriedades virulentas. "Esses vírus podem circular em comunidades com baixa cobertura vacinal e causar paralisia clinicamente indistinguível da causada por vírus selvagens. Diversas epidemias de paralisia por vírus derivados dos poliovírus vacinais têm sido identificadas desde o ano 2000", destacou.
A professora da FMUSP ressalta que os avanços da medicina aumentaram a expectativa de vida dos imunocomprometidos – pacientes que sofrem de doenças graves como leucemia e Aids, ou os que foram submetidos a tratamentos com corticóides e radioterapia, por exemplo. Vivendo mais, eles estão mais expostos aos vírus vacinais.
A principal vantagem da vacina inativada, segundo Lucia, é a segurança, uma vez que não causa paralisia e apresenta maior imunogenicidade, ou seja, proteção contra os três poliovírus. Por outro lado tem um custo maior e sua comercialização em larga escala é dificultada pela técnica de aplicação intramuscular. De acordo com a autora, essa dificuldade pode ser superada.
“Atualmente, é possível o uso de vacinas combinadas. Em uma só injeção, pode-se administrar a vacina inativada combinada com outras vacinas administradas por via intramuscular, na mesma época em que a vacina contra pólio, como DPT (células inteiras ou acelular), Haemophilus influenzae do tipo b e hepatite B”, afirmou.
A vacina de vírus inativado ainda tem disponibilidade restrita. É produzida por poucos países industrializados (França, Canadá, Bélgica, Dinamarca e Holanda), a partir da inativação de grandes quantidades de vírus selvagens. Em relação aos países em desenvolvimento, segundo Lucia, existem restrições para produzi-la uma vez que os laboratórios precisam desenvolver técnicas avançadas de segurança para conter os vírus selvagens e evitar a ocorrência de acidentes. "
25/03/2008
Por Alex Sander Alcântara
Notícia publicada no site da FAPESP.